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Críticas

Cineplayers

Explosão de cores, roupas e grifes não consegue esconder um simples fato: o filme é ruim.

3,0

Rebecca Bloomberg é uma compradora compulsiva que sonha em trabalhar em uma revista de moda. Atolada em dívidas, e com tanto talento pra gastar dinheiro quanto para se meter em confusões, acaba contratada por uma revista de finanças publicada pela mesma editora. 

O filme é mais uma adaptação dos livros voltados pra mulheres, tão na moda nessa década. Hollywood resolveu substituir Meg Ryan e Julia Roberts por literatura. Desde O Diário de Bridget Jones, já tivemos O Diabo veste Prada, Sex and the City - O Filme, a continuação de Bridget Jones, Em seu Lugar, o recente Ele não está tão afim de você, e dificilmente irá parar por aí. Infelizmente nem sempre dá certo.

A principal diferença entre esse filme e os demais é que ele está totalmente fora da realidade. É difícil se identificar com a protagonista, que é alegre, bobinha, divertida, mas que parece saída de um conto de fada. Alias, a própria atuação de Isla Fischer lembra muito Amy Adams em Encantada, ingênua ao extremo, para não dizer coisa pior. Isla se esforça, mas o tom do filme está todo errado, exagerado, e embora ela esbanje carisma, as situações em que Becky se mete são totalmente inverossímeis. E é difícil se envolver com a personagem, que faz papel de idiota em todos os momentos possíveis, perde prazos pra ficar na fila de liquidações, e tem insights jornalísticos lendo etiqueta de roupas.

A direção tem alguns momentos interessantes, como os manequins que se movem, tentando a protagonista. Mas no geral P. J. Hogan só conseguiu se afundar em uma série de decisões equivocadas. Tirar a personagem da Inglaterra, como era nos livros, e adaptá-la para os Estados Unidos foi a primeira delas.  Tem coisas que simplesmente funcionam melhor com o charme britânico, e só por isso a personagem já começa perdendo. Ou não criar uma antagonista melhor que Alicia “Bitch Long Legs” (interpretada por Leslie Bibb, da série Popular). O único obstáculo real da protagonista é ela mesma.

Ainda é revoltante ver um elenco secundário tão mal aproveitado. Joan Cusack e John Goodman interpretam os pais de Becky, em pequenas participações que não conseguem atingir o seu potencial cômico. John Lithgow é praticamente um figurante, e Kristin Scott Thomas provavelmente achou que estava sendo contratada pra ser a Meryl Streep de Prada desse filme. Pra piorar, Lynn Redgrave como “mulher bêbada no baile” (sim, esse é o crédito dela) me fez pensar que a atriz merecia ter seguido o mantra da protagonista. “Eu realmente preciso disso?” Triste engano, o filme foca todo o seu tempo em compras de roupas e em formas de fazer uma mulher parecer ainda mais burra. Porque no fundo essa é a verdade, a Becky Bloom do filme não é apenas levemente superficial. Não dá nem pra fingir que ela tem conteúdo. É apenas um dos piores estereótipos femininos.

A efeito de comparação, imaginem Bridget Jones sem os diálogos inteligentes, O Diabo veste Prada sem Meryl Streep, Sex and the city sem sexo, e você terá uma idéia do que é Os Delírios de Consumo de Becky Bloom.

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