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Críticas

Cineplayers

Uma mesma piada.

6,0
Nos primeiros momentos de LEGO Batman: o filme podemos ouvir o protagonista comentar ironicamente cada logo que aparece na tela. A piada pode soar como uma repetição dos créditos de abertura de Deadpool, e de fato os dois filmes parecem partir de uma consciência do esgotamento de Hollywood e uma tentativa desesperada de conquistar o público com algo “novo”.

Em LEGO Batman a novidade é reproduzir uma série de piadas cansadas sobre o homem-morcego, como o tom sombrio de sua voz e sua relação ambígua com Robin. E, embora algumas delas funcionem, parece ser tudo o que o filme tem a oferecer. Todo o resto do texto segue o esquema típico de qualquer filme de animação mediano lançado no últimos anos, pondo um limite à pretensa “ousadia” de suas referências ao estúdio e ao personagem.

É uma pena, ainda mais considerando que a ideia de um filme protagonizado pelo personagem era realmente uma boa maneira de dar continuidade ao excelente Uma Aventura Lego, uma das melhores animações americanas recentes. Mas, apesar de buscar o mesmo caminho do antecessor, LEGO Batman é bem menos inspirado, seu humor é mais repetitivo, e sua “mensagem” é óbvia. Até a boa ideia de, a partir de um ponto da trama, misturar universos fantásticos soa como uma repetição de algo que o filme anterior fez, e fez melhor.

Além de tentar contornar o esgotamento de Hollywood e do filme de super-herói com piadas de autorreferência — exatamente nos mesmos termos de Deadpool —, um outro obstáculo para o filme, e é realmente interessante ver como ele lida com ele, é especificamente o esgotamento da DC e do próprio Batman nos cinemas. O melhor momento do filme é quando Alfred olha em retrocesso para as “crises anteriores” do personagem, se referindo a cada filme e à série de TV, que ele entende como “a pior crise de todas”.

Cenas como essa mostram como o filme poderia ter sido um comentário interessante sobre o lugar que o personagem ocupa dentro da cultura pop contemporânea. Mas essa eventual perspicácia se perde em um roteiro fraco e repetitivo. O humor de Deadpool, por exemplo, com quem o filme carrega semelhanças muito claras, guarda pelo menos alguma coerência quando deixa claro que o filme seguirá à risca os padrões da indústria — e a piada estaria em assumir isso. LEGO Batman, por outro lado, parece alheio ao fato de que age dentro da fórmula engessada que ele mesmo esnoba.

A boa surpresa do filme, no entanto, é o excelente trabalho da equipe brasileira de dublagem, que acerta o tom cômico até onde o texto tropeça. A interpretação genial de Will Arnett em Uma Aventura Lego é correspondida à altura por Duda Ribeiro. A maneira como a animação do filme assume a ideia de um universo criado a partir de peças Lego também continua, como no anterior, bem interessante.

É realmente lamentável que o filme esteja tão aquém do que poderia ter sido. Limitando-se a procurar o caminho mais fácil para ser simpático ao público na medida exata da maior parte das animações infantis que chegam aos cinemas hoje. Gostamos do filme, mesmo sabendo que estamos rindo das mesmas piadas que estavam no filme da semana passada e que estarão no da semana seguinte. E não há problema nisso. Mas pra quem se dispõe a zombar da indústria é mesmo uma pena que se limite a isso.

Comentários (1)

Robson Nakazato | quinta-feira, 09 de Fevereiro de 2017 - 13:01

Esse filme me lembrou muito as esquetes do Porta dos Fundos. Piadas que são batidas numa mesma tecla até ficar gasto.

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