Não sei determinar ao certo qual o objetivo de Pasolini com essa obra.
Como muitos já escreveram, a exploração do autoritarismo fascista é evidente, mas o que mais chama a atenção, sem dúvida, é a intenção constante do filme de "querer perturbar", fazendo o que for possível para tanto. Desse modo, o diretor exagera nas cenas de prazeres sexuais doentios de um modo que, à partir de algum tempo decorrido de filme, tal meta deixa de ser conseguida.
A preocupação do diretor em dividir a obra em 3 grandes círculos, adicionando focos humorísticos (que parecem funcionar como pontos de fuga para o horror das cenas), não é suficiente para que o roteiro se mostre satisfatório.
O modo como a narrativa é contada se assemelha a uma criança que ganhou um brinquedo novo e quer, desesperadamente, apertar todos os seus botões e fazer o máximo proveito das habilidades do objeto, se possível tudo ao mesmo tempo. Assim, Pasolini, ou o aturo do livro do qual a narrativa é adaptada, parece ter pensado nas maiores e mais nojentas abominações que se pode fazer com o corpo humano, colocado-as no papel e só depois ter se preocupado em criar uma "estória"; o que resultou num filme sem rotações e com um final que parece ter sido decidido às pressas na edição final.
Querer chocar o público é uma intenção que requer coragem e sabedoria. Transformar esse objetivo em uma exemplar obra cinematográfica é algo que requer talento, o que Pasolini não alcançou dessa vez.
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