Mesmo com um ritmo emperrado, “O Casamento de Rachel” mostra um drama familiar pesado e nada superficial. Estrelado pela jovem Anne Hathaway e com direção do experiente Jonathan Demme filme consegue atingir suas pretensões.
O experiente Jonathan Demme vencedor do Oscar pelo sucesso “O Silêncio dos Inocentes” decidiu realizar um filme totalmente fora do centro de Hollywood, com um orçamento relativamente baixo e um elenco modesto, Demme se propôs somente em realizar um drama forte. E ele conseguiu.
“O Casamento de Rachel” é centrado em Kim, irmã da noiva, protagonizada pela jovem Anne Hathaway (“Agente 86”), a personagem acabara de sair de uma clínica de reabilitação para viciados em drogas, onde esteve internada nos últimos nove meses, com sombras de uma tragédia familiar ocorrida recentemente, mais precisamente a dois anos de tal fato. Porém sua volta para casa não é das mais animadoras, sempre se chocando contra lembranças e a dor da culpa, Kim vive constantemente discutindo com sua irmã, que dá nome ao filme, Rachel (Rosemarie DeWitt) e com seu pai (Bill Irwin).
Confrontar sua família e também a falta de bebida alcoólica é o de menos, perto do problema que é viver sabendo que todos em sua volta sabem dos problemas passados, inclusive os convidados para o casório de Rachel e Sidney (Tunde Adebimpe). Sabendo deste preceito de ser julgada ou ao menos questionada sobre suas atitudes passadas, Kim reage instintivamente como se estivesse em uma reunião de abstêmios, pondo pra fora todos seus sentimentos e desviando completamente o foco da celebração. Isso reaquece rancores do passado, naquele que deveria ser o centro do casório, Rachel. Brigas constantes e revelações trágicas começam a ser tiradas de baixo do tapete, isso faltando alguns dias para o grande dia do casamento.
Toda a construção da fita é muito bem elaborada e conduzida por Demme, mas o seu grande pecado sem sombra de dúvida é o ritmo emperrado e mecânico demais. Quase duas horas de filme é tempo demais para os acontecimentos do casório de Rachel. Mesmo que Jonathan Demme tenha escolhido um tom documental, tanto em suas filmagens quanto em sua ambientação, algumas cenas são demasiadamente esticadas e cansativas, como por exemplo, o momento crucial do desabafo de Kim, onde quase todos convidados do casamento discursam demoradamente. Isso cansa o público, principalmente pela falta de relevância de tais fatos.
As atuações são ótimas, principalmente da protagonista Anne Hathaway, que está claramente em seu melhor papel. A americana de 27 anos consegue transpor toda sutileza e infelicidade de sua personagem para a tela do cinema, dona de um currículo com alguns bons papéis como “O Diabo Veste Prada” e “Garotas sem Rumo”, Hathaway conseguiu graças a esta atuação sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de melhor atriz (vencido por Kate Winslet em “O Leitor”).
Bill Irwin (“Fúria pela Honra”), Rosemarie DeWitt (“Tempo de Aprender”) e a experiente Debra Winger (“Terra das Sombras”) também estão ótimos em cena, conseguindo um destaque memorável para suas carreiras.
Muito bem filmado, com uma fotografia reluzente e a cada cinco minutos banhado por uma trilha sonora simples, porém bela, “O Casamento Rachel” é um drama muito bom. Severo em alguns momentos, mas também muito alegre, do mesmo jeito que é nossa vida. Não fosse o ritmo obstinado, este se tornaria um dos melhores filmes de 2008.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário