Mais uma investida dos irmãos Farrely em Hollywood, este "O Amor é Cego" realmente diverte o público, embora seja um dos mais previsiveis da dupla. Após grandes sucessos cinematográficos, como "Débi e Lóide" e "Quem Vai Ficar com Mary", os cineastas e roteiristas persistiram em apresentar uma história hilariante, de humor genuíno que prende a atenção do telespectador, além de arrancar inevitavéis risadas da platéia em vários momentos.
Jack Black é um sujeito que enxerga nas mulheres apenas sua beleza física, sendo superficial ao extremo. A trama começa pra valer após o personagem ser hipnotizado por um guru, e então, passa a ver a beleza interior das pessoas, não apenas seu exterior, como aprendeu com seu pai na infância, no leito de morte do mesmo. Então Hall encontra Rosemary (Gwyneth Paltrow), uma garota obesa, mas bastante simpática. O roteiro é extremamente simples, e algumas cenas são munidas de alta previsibilidade, embora muitas sejam divertidas e interessantes.
É super engraçado acompanhar Hall em sua investida á Rosemary, causando espanto em todos, seja na família da garota, e principalmente em seu amigo Mauricio (Jason Alexander). A maioria das loucuras que se desenvolvem ao longo da projeção são interessantes e abordam muito bem alguns temas delicados, como o preconceito, mesmo que de forma bastante branda, com o cuidado de não polemizar ou exagerar em sua concepção.
A equipe de maquiagem fez um teste para conferir se os 'quilos' extras que a atriz ganharia seriam convincentes e preparou uma surpresa à atriz. Gwyneth vestiu toda a roupagem para dar vida a Rosemary e foi em um bar movimentado, sendo que ninguém desconfiou de sua caracterização, até mesmo conversando com a atriz, o que respondeu a todas as dúvidas dos produtores em relação à credibilidade da fantasia e maquiagem.
A estrutura do longa é bem desenvolvida e amarrada, não contendo erros de narrativa, embora muitas cenas sejam forçadas e aparentemente não aconteceria na vida real. A premissa levantada pelo roteiro é bem trabalhada e o mesmo aborda várias características da personagem envolvendo possibilidades interessantes entre Rosemary e seu namorado Hall. Tudo é motivo de piada e os atores estão em ótima fase, com uma boa química entre suas interpretações.
Gwyneth passa boa parte do longa em baixo da pesada maquiagem de enchimentos, reservando ótimas cenas, e se tratando da presença de Jack Black, as cenas tornam-se hilariantes com eficiência. O diretor aborda, por diversas vezes, a visão de Hall se divergindo das visões 'normais' do restante dos personagens, deixando as tomadas interessantes e criativas. Piadas super engraçadas são criadas e a quase todo momento são jogadas em tela, onde a maioria se mostra divertida.
Quando o efeito da hipnose acaba em Hall, o personagem enxerga de verdade sua namorada, causando lhe um choque. Porém toda a sequência seguinte não é surpresa alguma, e o público já percebe facilmente todo o desfecho da obra. Vários clichês acompanham também toda a projeção, mas poucos interferem realmente no resultado final. A edição é um dos responsaveis pelo sucesso final do longa, realizado muito bem por Christopher Greenbury. Além também de uma trilha animada e sempre alto astral, mantendo um clima leve e divertido o tempo todo.
"O Amor é Cego" pode não ser um grande filme de comédia, mas consegue entreter a platéia de forma eficiente com cenas realmentes divertidas, personagens interessantes, que são envolvidos em algumas das situações mais malucas e hilariantes, mas que poderiam acontecer com alguém, um clima leve ao longo de toda a projeção, que mantém o ritmo do longa atraente e super legal de se acompanhar e um trabalho técnico bem realizado, com uma edição, trilha sonora e fotografia suaves.
O longa estreou em 09/11/2001 arrecadando pouco mais de R$ 70 milhões em solo americano, e mais R$ 70 milhões ao redor do mundo, totalizando pouco mais de R$ 140 milhões arrecadados, um bom número se comparado ao seu orçamento, estimado em R$ 40 milhões.
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