Clint Eastwood surpreende novamente com um filme dramático e emocionante, balanceando corretamente cenas de pura adrenalina com passagens de agonia e sofrimento. Menina de Ouro é muito mais que um simples filme de boxe, apresenta um enredo convidativo e extremamente eficiente no quesito aproximação com o público, onde com o passar da projeção, esta interação é inevitável. Do ínicio ao fim, este exemplar se mostra um grande entretenimento, fato este comprovado e consolidado com os prêmios de Melhor Filme em 2005.
Frank Dunn (Clint Eastwood) é um cara definitivamente chato, amargurado mas ao mesmo tempo, gentil. Em um trabalho magnífico do astro, suas expressões revelam seus sentimentos com perfeição, mesmo os mais profundos, como solidão e arrependimento, tornando seu personagem o mais interessante do longa, mais ainda que a protagonista. A relação com as pessoas que o cercam, o desenvolvimento das mesmas até chegar em seu maravilhoso desfecho é digno de palmas. Ótimo trabalho de atuação e direção.
Maggie (Hilary Swank) é muito bem construída pela atriz, que a cada trabalho comprova seu imenso talento frente as câmeras. Sua atuação está perfeita, onde os mínimos detalhes fazem toda a diferença para compreendermos a personagem. A relação com os familiares, sua dura vida profissional, tudo é descarregado de forma pesada na cara de outras competidoras, dentro do ringue. Em grande forma, se destaca quando está em tela, conferindo a energia que falta nas cenas arrastadas e dramáticas, protagonizadas na maioria das vezes por Eastwood.
Scrap é vivido por Morgan Freeman, outro monstro do cinema. É impossível não demonstrar outra coisa senão admiração pelo seu trabalho, que mesmo com o passar dos anos, continua avançando e se adaptando as novas tendências. Encarregado de narrar os fatos do filme, para assim facilitar a vida do público e poupar cenas desnecessárias na projeção, é muito bem sucedido em sua tarefa. Brilha quando atua, com sua voz marcante e presença sempre forte, Freemam dispensa qualquer apresentação. Scarp aqui, é apenas mais um dos grandes personagens que viveu em sua grande carreira. Com méritos, venceu o Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante.
O enredo, que intercala cenas dramáticas, repletas de sentimentalismo com outras eletrizantes, como as sequências das lutas de Maggie é bastante interessante e constante. A curiosidade e atenção do público aumenta a cada minuto da projeção. Realmente o interesse do público por sua obra é algo sabiamente trabalhado por Eastwood, que consegue magistralmente manter as atenções em alerta para sua história.
Como acusa a sinopse, um fato de extrema importância marca duramente a projeção, após esta avançar a metade de sua duração. Aqui se é tratado o tema da eutanásia, com bastante cuidado por Eastwood, diga-se de passagem, porém se tratando de um tema tão polêmico, é impossível não levantar alguns questionamentos por onde passa. Após um grave acidente, Maggie se encontra em péssimo estado, começando ai todo o sofrimento dos personagens.
Menina de Ouro recebeu inúmeros elogios pela exploração do polêmico tema, bem como a bela condução de Eastwood em relação aos questionamentos que possivelmente seriam levantados. Porém apenas é sugerido de forma leve a decisão de desligar ou não os aparelhos que mantém a personagem viva. Um filme que talvez seja o mais eficiente em trabalhar com o tema seja Mar Adentro.
Lançado no mesmo ano do exemplar de Eastwood, Mar Adentro levanta com maior eficiência e peso toda essa discussão sobre o que fazer ou não fazer. Procurando explorar questionamentos filosóficos e religiosos, o filme vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro soube lidar melhor com o tema, onde em Menina de Ouro o tema é levantado com base em tudo que a personagem tinha conquitado até aquele momento, indo da glória para o fundo do poço. Tendo isto como base, o mesmo é discutido e relação a todas as emoções que a mesma conquistara até ali, após viver uma vida apagada e de ilusão, não abrangendo o tema e sua discussão.
Menina de Ouro mereceu receber todos os elogios e prêmios que ganhou. Eastwood dirige e atua de forma intensa, deixando sua obra irresístivel e super interessante. Com Swank e Freemam em grande estilo também, o sucesso do filme é merecido e digno de muitos elogios. Estreou em 15 de Dezembro de 2004 para arrebatar corações e colocar seu título entre os melhores filmes de todos os tempos.
Além de ser sucesso de prêmios e crítica, Menina de Ouro se mostrou também um grande fenômeno comercial, onde com um orçamento de R$ 30 milhões, arrecadou R$ 100 milhões nos EUA e mais R$ 116 milhões ao redor do mundo, totalizando excelentes R$ 216 milhões de dólares para os cofres do estúdio da Warner. Tudo que um estúdio sonha ao lançar um filme este conquistou: Reconhecimento, prêmios e muito dinheiro.
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