Quando assistimos algum filme com uma temática relacionada com a máfia e a sua ascensão nos guetos americanos, as comparações são inevitáveis. Logo lembramos de obras como: O poderoso chefão I e II (Francis Ford Coppola, 1972 e 1974), Os intocáveis (Brian de Palma, 1987),Os bons companheiros (Martin Scorsese, 1990) e até Scarface (Brian de Palma, 1983)- que tem como tema central a história de um imigrante cubano que fez fortuna com o tráfico de drogas, o que foge de alguns enredos, porém mesmo assim, a obra sempre faz parte das comparações - mas nesta lista falta um épico do cinema americano, trata-se do filme Era uma vez na América (Once upon a time in America) . Dirigido por Sérgio Leone e lançado em 1984, a obra, é sem dúvida alguma um clássico, desses que rompem fronteiras temporais e marcam o nome para sempre na história. Como disse que a comparação é inevitável, faço a minha análise pessoal e afirmo: O poderoso Chefão I e II e Era uma vez na América, são de longe os melhores filmes de máfia, porém não me arrisco a dizer qual a grande obra-prima do gênero. O filme de Sérgio é um desses que quando assistimos nos perguntamos: como fiquei por tanto tempo sem conhece-lo? Tal indagação é inevitável. A obra de Coppola teve maior visibilidade, tornou-se um ícone, ou seja é mais conhecida e acessível. Já o filme de Leone é um tesouro escondido que quando descobrimos o paradeiro ficamos bestificados. Era uma vez na América conta a história de um grupo de amigos que cresce cometendo pequenos furtos em Nova York, porém esses crimes, aos poucos, assumem proporções maiores.Os primeiros trinta minutos, apesar de certa ação, é um pouco monótono: apresenta poucos diálogos, em contra-partida uma fotografia belíssima. A monotonia fica por conta das interrogações que surgem de forma impactante e acabam por deixar um desentendimento no ar. O filme começa com capangas procurando David Aaronson, mais conhecido como Noodles, personagem interpretado por Robert De Niro. Noodles consegue escapar e acaba indo embora, porém retorna após trinta e cinco anos em busca de algumas respostas perdidas no tempo. Neste momento, as interrogações existentes, de forma gradual, são sanadas, a partir do momento que lembranças de Noodles começam a surgir, ajudando a compor as peças que se encaixam nas lacunas criadas. David retorna, através de suas lembranças, para quando era uma criança e vivia juntamente com alguns amigos praticando pequenos furtos. Durante este período ele conhece Maximillian Bercouics - mais conhecido como Max, personagem de James Woods - que se torna seu maior parceiro e sócio. Aos poucos os crimes crescem proporcionalmente com as idades, e assim, a ambição e as intrigas começam a fazer parte da rotina. Com o passar do tempo, e com o fim da Lei seca nos EUA, os negócios ficam ameaçados. Por conta disso Max traça um plano audacioso. Tentando impedir o pior, Noodles articula uma ação, que acaba culminando num peso que será carregado por ele durante trinta e cinco anos. Neste contexto, Leone nos leva por caminhos tortuosos vividos no ambiente da máfia, onde somos guiados por Noodles, que mesmo fazendo parte de quase todo o processo, ainda apresenta sensatez e serenidade. Com uma montagem que intercala passado e presente, viajamos por momentos e lembranças de David, e assim, desvendamos os mistérios desta trama envolvente. Leone dirige a obra como um verdadeiro maestro. As atuações de De Niro e James Woods são brilhantes. E a trilha sonora que já é extremamente eficiente, ainda conta com uma versão belíssima de yesterday dos Beatles. Por tudo isso, Era uma vez na América é um filme essencial. Quem ainda não viu esta película fantástica, veja o mais rápido possível! Afinal, nunca se sabe o dia da partida, e este é um daqueles filmes que deve ser visto antes de morrer.
Críticas
10,0
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