Em 23 de Junho de 1989 (data coincidente a do meu nascimento) entrava para a história um dos filmes mais rentáveis do cinema, "Batman", o primeiro longa do homem-morcego, que gerou discórdias entre fãs; Muitos o odeiam, outros o idolatram como a melhor obra feita até hoje do Morcegão. Claro que em tempos de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", esse filme perdeu um pouco do seu brilho se colocá-los lado a lado, mas a intenção não é essa, comparar ambos os filmes não tem lógica alguma, são universos completamente diferentes e cada um com seu valor elevaram o nome Batman.
Com o sucesso dos filmes do Superman, foi decidido que um filme do Batman seria lançado, para tirar a ultima imagem que se tinha do herói, o seriado camp dos anos 60, do Batman barrigudo e o Coringa de bigode. Em meio a tantos boatos sobre o que seria visto aqui, com um Batman vestido com uma armadura toda preta, Jack Nicholson como Coringa, Tim Burton na cadeira de diretor, e influências em hq’s como "A Piada Mortal" e "O Cavaleiro das Trevas", todos ansiavam pelo resultado final, e no fim, muitos saíram decepcionados com o que viram outros encantados. "Batman" realmente não é um filme perfeito, pelo contrário, está bem longe disso, mas também não é essa desgraça que muitos o julgam ser.
Começando pelo roteiro, que foi algo muito ousado da parte de Burton, pois ele mudou um fator muito importante da história de Bruce, o assassinato de seus pais, que foi cometido por ninguém menos que o próprio Coringa, em sua adolescência. Muitos fãs dos quadrinhos acharam uma péssima idéia essa mudança, por um lado pode até ser que sim, mudando um fator tão importante, mas por outro, foi um tiro certeiro olhando por uma visão cinematográfica. Com isso, a história acaba por se tornar redonda, completa, girando num ciclo para um desfecho com cara de cinema. Mas se por um lado Burton acertou nesse quesito, em outros aspectos ele errou feio. A história em certo ponto, por falta do que se ter a mostrar acaba se tornando chata e arrastada, os meios são bastante parados, dando até brechas para umas pescadas, não passando de uma segurada de tempo para o final. Claro que dentre esse tempo, há cenas muito bem feitas, como o Coringa destruindo um museu e a apresentação do Batmovel (a versão mais bonita feita do carro até hoje pro cinema), Batman destruindo o esconderijo do Coringa e algumas outras. Um desperdício, pois como sendo o primeiro episódio, tratando de um personagem tão profundo como Batman, muita coisa poderia ter sido inserida dentro da história, mas...
Burton ainda acertou bastante na direção. Com tomadas muito bem feitas, o diretor criou uma cidade grotesca, suja, com esgotos soltando vapores, com cara de nada hospitaleira, pronta para receber o pior tipo de bandido, empregando bastante de seu estilo gótico em tudo. Burton ainda contou com seu parceiro Danny Elfman para a trilha sonora, onde criou um dos seus melhores trabalhos. A trilha é carregada, pesada, muito sombria e densa, trabalho primoroso, que muito se repete por aí em dias atuais, sendo até mesmo reutilizada na série animada do personagem e se tornando um tema fixo para o Batman. Mas os produtores do filme acharam que faltava algo mais atrativo nessa trilha e foi ai que erraram feio, trazendo Prince para contribuir, muito a contragosto do próprio Tim Burton, (e a idéia original dos produtores era que Michael Jackson (?) participasse).
Pulando da direção para as atuações. Começando pelo protagonista, talvez a escolha mais duvidosa de toda a carreira de Burton. O diretor escolheu Michael Keaton, com quem já havia trabalhado em "Os Fantasmas se Divertem" para encarnar o Batman. Keaton não tinha porte, beleza ou tamanho para viver o herói, mas tinha uma expressão de vazio como nenhum outro Bruce Wayne dali em diante teria, as tomadas em que se lembra de seus pais, são muito bem interpretadas pelo ator e como Batman, ele não deixa muito a dever, tirando o deslize de seu tamanho. No lado das beldades tínhamos Kim Basinger no papel de Vicki Vale, onde se sai muito bem. E esbanjando carisma como o mordomo Alfred, Michael Gough faz um trabalho muito competente, e o repetiria por mais três vezes nas seqüências que viriam a ser produzidas no futuro. Agora, roubando a cena até mesmo do próprio Batman, praticamente tendo o filme todo para ele desde sua primeira aparição, estava Jack Nicholson, em uma das suas melhores e mais inesquecíveis atuações, o Coringa. Nicholson, que é portador de um olhar sarcástico foi a escolha mais certeira de Tim Burton. O ator criou um vilão realmente carismático, mas ao mesmo tempo, repugnante, sorrindo enquanto mata e matando enquanto sorri. São dele as melhores cenas do filme, e quando não aparece, pensamos o que ele estará tramando para sua próxima aparição. Sarcástico, extravagante, macabro, são uma das qualidades do personagem, trabalho genial que entrou para a história do cinema e rendeu um bom punhado de verdinhas para o bolso do ator, pois este, abriu mão de seu cachê a troco dos lucros obtidos com o filme, que passou os 410 milhões de dólares nas bilheterias. Não foi por menos que o nome de Nicholson vinha antes do de Keaton no cartaz. E se o Coringa de Heath Ledger fez tanto sucesso, e muitos fazem comparações entre os dois trabalhos, tenho para mim que a interpretação de Nicholson não perde em nada para a de Ledger. Lembrando mais uma vez que se tratam de personagens completamente diferentes, mesmo se tratando de uma mesma idéia, são coisas diferentes, enquanto o Coringa de Nicholson era literalmente um palhaço, o de Ledger já é mais voltado para a realidade como um lunático que comete crimes muito inteligentes, fazendo com que ambos criem personagens realmente geniais.
No final disso tudo, mesmo com seus deslizes, Batman tem seus méritos e seu devido lugar na historia do cinema, tem seu devido respeito mesmo entre as pedradas de varias pessoas. No fim, um bom filme.
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