(IN)ATIVIDADE PARANORMAL
Importante: este texto conta detalhes do filme. Recomendo assisti-lo antes (ou não).
Assisti ao filme “Atividade paranormal” cheio de expectativas. O boca a boca (ou o link a link) ajudou a divulgá-lo de uma forma impressionante. Todos os comentários de quem assistiu era de que causaria muito medo, e o trailer divulgado pela internet parecia comprovar.
No entanto, o filme do diretor estreante Oren Peli é decepcionante. Não só por não acontecer nada de tão espetacular, mas também porque carece da estrutura narrativa necessária para o desenvolvimento de um enredo. Não há sequer um clímax, pois a cena que pretende ser o ponto máximo da “narrativa” segue o mesmo nível de tensão da história toda, alto é verdade, e justamente é esse o defeito: algo vai acontecer, há pequenos sustos, porém, repito, não acontece nada de impressionante. O filme termina e pensamos: mas é só isso?
No início há um texto de agradecimento aos familiares dos protagonistas Katie e Micah (mesmos nomes dos atores na vida real) e à polícia que autorizaram o uso das filmagens, sugerindo, assim, que o filme fosse uma gravação caseira e real. Puro jogo de marketing, claro. (Dan Brown usa essa fórmula para iniciar seus livros, dizendo o que são fatos verdadeiros na trama.) Além disso, o texto já revela um fato que ficaríamos sabendo somente no final: ambos morrem.
Em seguida, passamos a ver o casal em sua casa nova. Micah leva sempre junto sua câmera, para que não se perdesse nenhuma coisa estranha que pudesse acontecer, isso porque Katie, desde a infância, ouvia ruídos estranhos em todas as casas em que morou. O rapaz, cético, resolve comprovar. Os eventos paranormais acontecem à noite, principalmente no quarto do casal, e eles deixam a câmera ligada para registrá-los.
Acordados, ouvem barulhos, ficam assustados, mas conseguem dormir tranquilamente. Depois que começam a chegar perto de desvendar o que seriam esses barulhos eles... voltam a dormir tranquilamente. Na noite seguinte, mesmo depois de a porta do quarto bater sem vento nenhum... eles voltam a dormir tranquilamente e continuam a deixar a porta aberta. Mesmo depois de espalharem talco no chão e depois verem as pegadas do espírito, mesmo depois de as gravações revelarem uma sombra cruzar na porta, mesmo depois de o espírito levantar o lençol da cama, mesmo depois de Katie ser arrastada e quase ser levada para o sótão... eles continuam dormindo tranquilamente, com a porta aberta e o lado onde Katie dorme na cama fica perto dessa porta! Se os personagens não têm tanto medo assim, como pode o espectador tê-lo?
Há outras falhas que comprometem o filme, como o aparecimento de uma personagem, amiga de Katie, que não acrescenta nada à história. Aconselho, porém, que o leitor assista e tire suas próprias conclusões. Afinal, essa é só minha opinião (e da minha esposa também, pois, como todo mundo recomendou, assisti ao filme acompanhado). Há quem diga que “Atividade paranormal” é o melhor filme de terror do ano e que Oren Peli é um gênio. Isso sim me dá medo.
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