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O Som das Legendas

É costume reclamar da qualidade de som nos filmes brasileiros, mas é inegável que evoluímos, e muito, daquelas dublagens mal feitas e que era simplesmente impossível de se entender em um passado não muito distante. Mas já pararam para pensar que o problema pode não ser, em sua totalidade, da qualidade do som de nossos filmes? Pegue por exemplo a obra-prima, recentemente indicado a 4 Oscar, Cidade de Deus. O filme é magnífico não só em sua história e modo de condução, mas também no aspecto técnico, muito superior a tudo o que temos em termos de cinema nacional. Deixamos de sofrer com o som? Claro que não.

Longe do som de Cidade de Deus ser ruim, repito. O fato é que algumas falas, ou por serem sussurradas, ou pronunciadas rápidas demais, acabam por passar desentendidas em nosso raciocínio. Problemas como esse não são exclusividades de nossos filmes. Até mesmo as grandes produções norte americanas, mesmo que propositalmente, algumas falas são incompreensíveis, como nos filmes Snatch: Porcos e Diamantes ou então em Os Suspeitos. O fato é que nossos tradutores, assim como os dubladores, estão entre os melhores do mundo e fazem o trabalho todo mastigadinho para nosso público. Como? Eles se dão ao trabalho de traduzir até mesmo os quase incompreensíveis exemplos, colocando legenda em tudo o que é dito, e nós ficamos mal acostumados a isso. Aprendemos a ler os filmes, e não acompanhá-los.

Isso mesmo, pois vemos tantos filmes com legendas que ficou comum reclamar dos filmes brasileiros, de nossa dublagem, ao invés de tentar enxergar que esse problema não é exclusivo nosso. O fato é que os americanos também sentem dificuldades, quase a mesma que nós quando vêem um filme, só que por não terem o costume de os verem lendo as legendas, não tem também o costume de reclamar do som. O mesmo supra citado Cidade de Deus possui som melhor que de muitos filmes estrangeiros, mas as pessoas parecem não dar valor. Até mesmo o fraquíssimo Carandiru possui um excelente aspecto técnico, e ainda bem que essa melhoria vem sido vista em cada vez mais números de películas nacionais.

Agora quanto tempo levaremos para assumir nosso verdadeiro valor é impossível de calcular. O fato é que, se continuarmos a ter tantos pré-conceitos bobos com relação ao nosso cinema, vamos continuar perdendo excelentes filmes que saíram nos últimos anos por besteira. Exemplos? O Homem que Copiava, Domésticas: O Filme, Copacabana e muitos outros, simples e divertidos.

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