O clássico sociólogo francês Émile Durkheim introduziu o termo "Tótem" em sua obra "As Formas Elementares da Vida Religiosa" (1912), onde ele analisa as estruturas sociais e religiosas das sociedades tribais australianas. Na antropologia, um totem é um objeto natural ou animal, frequentemente venerado como símbolo sagrado ou espiritualmente significativo por uma determinada comunidade, clã ou tribo. O totem pode representar a ancestralidade, a conexão com a natureza, a identidade coletiva ou outras crenças fundamentais do grupo.
Neste delicado trabalho da diretora mexicana Lila Avilés, a câmeravai acompanhar uma família organizando o aniversário de um homem doente, mas muito querido pelo "clã", em especial acompanhar a filha e a mulher. Sem explicar direito do que padece o aniversariante, mas sabemos em poucas cenas que é algo seríssimo, o filme ganha contornos mórbidos, numa espécie de pré-velório.
No entanto, algo digno de nota é o trabalho com o elenco, tudo tão natural, tão singelo, lembra um pouco a atmosfera do banal de "Aftersun", pela delicadeza e sensibilidade em filmas a rotina, mas há aqui toda uma encenação do grupo, das frases contidas ao choro tímido, parentes que preferem ser mais reservados, outros mais efusivos, mas todos ali preparando-se para uma celebração que mistura o aniversário e o sentimento de quase luto.
Gosto também de como tudo é muito curto, episódico, e do olhar atento que a câmera tem com a filha, de fato bem tocantes as cenas da garota, mas toda a família tem algo a representar, mesmo que uns estejam mais distantes. Um belo exemplar de cinema latino, mergulhando em nossas "raízes tribais" (repare os rituais religiosos no início do filme), mostrando que, sim, somos uma sociedade muito religiosa, no sentido mais antropológico do termo. Filme extremamente rico para revelar nossas inclinações de ligação com o outro.
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